Guerra pelas estrelas: hotéis brasileiros se preparam para conseguir boas avaliações

Unknown | 16:27 | 0 comentários

A matriz de avaliação por estrelas, utilizada em hotéis e outros negócios de hospedagem, entrou em vigor nos anos 1980, por iniciativa do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), até cair em desuso uma década depois. Segundo Ricardo Domingues, professor de pós-graduação em hotelaria pelo Senac, isso fez com que várias empresas se autoclassificassem de acordo com os padrões do local onde estavam. “Ser a melhor em determinado local não significa que ela é cinco estrelas”, afirma. “Elas não levavam em consideração o que era necessário para isso, o que levou à falta de padronização.” Domingues conta que, na época, europeus, decepcionados com o serviço de alguns hotéis, criaram o costume de retirar uma estrela da classificação para descobrir a verdadeira qualidade do estabelecimento. 

A bagunça quanto à classificação por estrelas foi resolvida em 2011 com o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass), que já é utilizado em outros países e tem como objetivo orientar os turistas em suas escolhas de maneira clara e objetiva. Para participar do processo de avaliação, é necessário que o meio de hospedagem esteja com seu cadastro regular no Ministério do Turismo, no Cadastur. O sistema engloba sete categorias (hotel, hotel fazenda, cama & café, resort, hotel histórico, pousada e flat/apart-hotel) e avalia requisitos divididos em mandatórios (de cumprimento obrigatório) e eletivos (de livre escolha, tendo como base uma lista pré-definida). Para ser classificado na categoria pretendida, o estabelecimento deve demonstrar o atendimento a 100% dos requisitos mandatórios e a 30% dos requisitos eletivos. 

O primeiro passo, portanto, é de cadastrar na Cadastur. Depois disso, a empresa deve descobrir quais são os requisitos necessários para ela conseguir a classificação que almeja. “Depois que ela solicita a avaliação, o Inmetro faz uma profunda entrevista para saber se as estrelas que ela quer realmente são as que merece”, diz Domingues. O resultado é válido por três anos, ou seja, a empresa deve investir nas mudanças necessárias antes de solicitar a classificação para não ter que conviver com um número menor de estrelas durante todo esse período. Se você não tem o capital para fazer todas as mudanças, talvez seja melhor esperar. Mas, se tem, é preferível fazer o quanto antes. “Os eventos esportivos também são um grande motivador para conseguir a avaliação”, afirma Domingues. “Será ótimo para atrair turistas estrangeiros que já estão acostumados com a classificação e também acaba com o preconceito que foi criado nos anos 1990.” 

Os hotéis contra-atacam 
Com a crescente importância de entrar no SBClass, empresas de todo o Brasil não perderam a oportunidade de investir para conseguir uma avaliação melhor. A empresária Ilza Corrêa entrou no ramo de hotelaria quando o pai mudou-se para a cidade de Palmas, em Tocantins, e constatou a necessidade de um hotel com qualidade. O Hotel Pousada dos Girassóis surgiu em 1990, ganhando uma segunda unidade há três anos. “Nós já construímos o hotel buscando uma boa qualificação. Logo que ele ficou pronto, nós queríamos participar”, diz Ilza. A primeira unidade recebeu quatro estrelas em outubro. 

A segunda unidade está em processo de avaliação e teve de sofrer algumas modificações, que totalizaram um investimento de R$ 200 mil. Ilza já planeja construir outro hotel em 2014, buscando as desejadas cinco estrelas. “Essas estrelas dizem exatamente o que está sendo oferecido, é uma linguagem em comum”, diz. “É muito importante porque o turista sabe o que esperar da empresa.” 

Gabriela Majolo também entrou na guerra pelas estrelas com sua empresa familiar, o Ronco do Bugio Pouso e Gastronomia, pousada localizada em Piedade, no estado de São Paulo. O local tem 13 suítes de luxo espalhadas por uma área de 22 hectares. Segundo Gabriela, foram investidos R$ 3 milhões para dar um tom de exclusividade ao local: a decoração de cada quarto é única e montada aos poucos; os funcionários foram recrutados da própria região e capacitados para atender às necessidades do local. 

Gabriela quer chegar às cinco estrelas e para isso teve de investir pouco, R$ 10 mil, em mudanças como instalar cofres, espelhos de corpo inteiro e crachás com nomes dos funcionários e seus cargos. “A cada dia surgem milhares de hotéis, vemos muitos lugares ótimos, então você precisa de diferenciais para se destacar”, diz. 

Se você também está no processo de conquistar suas estrelas, pode conseguir todo o material de apoio no site do Ministério do Turismo

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